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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Memórias uma gata


" Foi no verão de 1999 que nasci.
Fui a primeira a vir ao mundo e logo procurei ficar escondida entre os pelos longos de minha mãe.
Percebi por instinto quando ela deu a luz em seguida a outros de minha espécie e mesmo sem conseguir enxergar, podia sentir o cheiro do leite e o calor de meus irmãos e de mamãe.
Em alguns momentos ela levantava e deixava-nos sozinhos.
Eu aproveitava para dormir, mas, tinha sempre um chorão que miava em meus ouvidos sem parar e só ficava quieto quando mamãe retornava de seu rápido passeio pelo jardim da casa.




Alguns dias depois quando comecei a enxergar pude ver que era um lindo jardim, tinha muitas flores plantadas em enormes vasos e uma grama bem cortada onde mamãe costumava nos carregar para tomar sol.
Algum tempo depois comecei a andar e queria ir sozinha naquele jardim, mas, ela sempre pegava em meu pescoço e me levava de volta para o nosso cantinho favorito debaixo de uma escada.
Éramos sete no total, três fêmeas e quatro machos.
Fazíamos muita bagunça e adorávamos ficar explorando novos cantinhos.
Três meses depois do meu nascimento fui colocada com meus irmãos dentro de uma caixa e levada para sempre para um lugar escuro. Fazia frio, o barulho era horrível e mamãe não estava lá, tinha ficado no lindo jardim miando alto. Aquela foi a ultima vez que vi mamãe.
Aquele período seria marcado não somente por acontecimentos para o mundo que sofria um grande blecaute, mas também para mim e meus irmãos que miávamos sem parar com saudades de mamãe. 
Recordo-me que algum dia antes estava com meus irmãos pertinho de minha mãe que adorava ficar diante da televisão junto com sua dona, a mesma que nos tirou daquela casa
Mas agora era tudo estranho, estavamos sós naquele lugar, juntinhos esperando com medo que aquela mulher viesse nos buscar.
Mas isso não aconteceria, e algumas horas depois meu irmão mais novo parou de se mexer. Depois foi a vez de minha irmã ficar parada e ficamos muito tristes pois não sabiámos como isso tinha acontecido.
Passamos a noite inteira ali, encolhidos e com fome. 
No dia seguinte percebi que também meus outros irmãos não tinham resistido ao frio.
Eu e meu irmão ficamos sozinhos e já nao conseguiámos mais miar pois estavámos muito debilitados.
Então percebi que alguém falava sobre nós e naquele momento nossa caixa foi levantada. Uma jovem foi andando com a nossa caixa até chegar numa casa.
Ela retirou os nossos irmãos que estavam “sem vida” e nos colocou em cima de uma almofada bem quentinha. Nos deixou ali por alguns segundos e ao voltar nos deu leite quentinho e nos enrolou em uma manta.
Finalmente tinhamos sido resgatados por uma boa pessoa que seria a nossa mais nova dona.
No dia seguinte me levantei e desconfiada comecei a andar pela casa em busca de cheiros conhecidos mas, nada encontrei.
O preguiçoso de meu irmão resolveu ficar na almofada mas, eu fui a luta afinal era uma caçadora por natureza e tinha que conhecer aquele lugar que provavelmente seria a minha nova casa. Foi quando vi aquela jovem me levantar em suas mãos e falar comigo como se eu pudesse responder as suas perguntas.
Ela dizia: “ Ah! Tadinha, quem te abandonou? “
Eu logicamente queria poder responder: “Foi a malvada da dona da minha mãe” mas, como falar aquela lingua estranha que fazia um barulho estarrecedor bem perto das minhas orelhinhas frágeis.
E ela continuava a falar comigo: “ Mamãe vai tomar conta de vocês, pena que seus irmãos não sobreviveram.”
Eu olhei ao redor para ver se mamãe estava alí  mas só vi meu irmão que continua  dormindo . Mas em meio a tristeza de ter sido afastada de minha família eu também estava feliz por estar ali naquela casa quentinha e de alguém ter nos encontrado.
Respondi da maneira que sabia: miando sem parar foi a forma que encontrei para agradecer a quem salvou a minha vida e de meu irmão."

NAS FÉRIAS NÃO ABANDONE SEU ANIMAL NAS RUAS!
ANTES DE ADOTAR UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO SAIBA QUE ELE DEVE SER CASTRADO EM BREVE PARA EVITAR CRIAS INDESEJÁVEIS.
NÃO ADOTE SE NÃO PUDER SE DEDICAR COMPLETAMENTE AO SEU ANIMALZINHO.
 UM ANIMAL NÃO É DESCARTÁVEL, ELE É VIDA E SENTE DOR E TRISTEZA AO SER ABANDONADO.


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